Ideia do Dia

quarta-feira, abril 26, 2006

A Sensibilidade Masculina

A sensibilidade masculina ( ou melhor dizendo do meu companheiro do dia-a-dia à quase dez anos, o meu marido) deixa-me por vezes, muito em baixo, e muito triste. Só por falar na "delicadeza" que ele tem quando se refere ao meu peso. Falas essas, que vao por exemplo de: Tu já reparaste que qualquer dia esse teu cu nao passa nas calcas? ou entao: Quando é que finalmente comecas a fazer dieta?
ou ainda Tu nao achas que já comeste o suficiente hoje?
Nao é que eu nao tenha uns quilinhos a mais ( porque eu até sei que tenho), mas sou da opiniao que nao é nada de exagero.
Eu sei que gosto de comer e é um dos meus prazeres, pois nao bebo café, nao fumo, nao bebo bebidas alcoólicas, por isso gosto de manter este meu "vicio" de gostar de uma boa refeicao. Nao que repita uma ou duas vezes, mas gosto de ficar satisfeita, sem que para isso tenha sempre alguém a buzinar ao meu ouvido: Nao achas que já chega?

Também sei que o P. tem o mesmo peso que tinha no dia que casámos, o que nao se pode dizer exactamente de mim, mas será que ao fim de dez anos de casamento, de ter estado grávida duas vezes dos nossos pimpolhos, nao tenho direito de estar com mais um pneuzinho aqui e acolá...

Mas nós que geralmente mantemos uma relacao muito profunda e estou certa que encontrei a minha cara metade desde o dia que decidimos casar, neste assunto ficamos sempre um pouco chateados. Ele por achar que tem razao em me chamar a atencao por ser tao GORDA. E eu porque simplesmente me sinto triste e deprimida por ele me falar assim, e por saber que ele até tem razao...

O que hei-de fazer?

Nao sei...

Tenho dias em que acordo e estou determinada que é hoje que vou comecar a combater este quilinhos a mais, mas depois nao passa de boa vontade. Falta-me a forca. Falta-me a coragem. Falta-me simplesmente o poder de conseguir dizer nao aquela torrada de pao caseiro quentinha com manteiga, ou áquelas batatas fritas com ovos estrelados e salsichas ( que por acaso só tinha feito para o almoco dos pequenos, mas que ao cheirarem tao bem, só dao vontade de fazer tao bem para mim) entre tantas outras refeicoes. Assim como sobremesas, bolos, doces e afins...

O pior é quando estou sozinha, nao me sinto vigiada e aí só tenho vontade de atacar a lata das guloseimas, que tenho no cimo do armário para os pimpolhos. Ás vezes lá consigo resistir, mas outras a tentacao é grande demais e a carne é fraca.

Depois há o modelo geral (nao só do P. mas sim da maioria da sociedade) que acredita que só as mulheres prefeitas têem sucesso, ou merecem elogios. Veja-se o caso de quando uma mulher acabou de fazer uma dieta (que foi o meu caso no ano passado) e está mais magra toda a gente elogia e diz: Estás muito mais magra! Estás muito melhor assim! Assim é que é, continua!, mas se nao fôr o caso ou se depois uma pessoa recupera o antigo peso ( que também foi o meu caso), tudo deixa novamente de ter valor. E os comentários agora passam a ser: Ai, que tu estás a ficar tao gorda! Olha que se nao tiveres cuidado, vamos ver como ficas! ou entao do tipo: Eu já sabia que nao ias aguentar muito tempo!

Será que uma mulher nao tem direito de ser como é, sem ter constantemente o sentimento de ter um grande inimigo, a balanca (que diga-se de passagem nao visito desde o fim do ano passado).

E aqui desenrolei eu, mais um dos meus testamentos (que me ajudam a livrar dos meus pesos de consciência, pelo menos para estes arrangei uma boa dieta).

Até á próxima.

1 comentário:

Elora disse...

Os homens são seres esquisitos. Já pensaste dizeres-lhe que quando ele faz esses comentários te dá fome?
Tenho a sorte de aqui em casa a falta de sensibilidade não pender para esses lados, porque gordura não falta.
Diz-lhe que essas observações tem, em ti, um efeito de pontapé nos testiculos: deixam-te paralisada e com dores. Se ele não perceber exemplifica.