A vida dá muitas voltas...

... e a minha tem mudado muito nos últimos dias.
Tenho andado triste, cansada, abatida, sem tempo para pensar em mim...

Depois de ter terminado as minhas férias por terras lusas, que por sinal tinham sido uma maravilha, com muitos momentos bons, com um ou outro contratempo, mas que no geral até se tinham passado muito bem, aconteceu algo que mudou tudo!
Algo que eu temia muito que acontecesse...
Algo que deita qualquer um abaixo...
Cheguei à Alemanha no domingo à hora de almoço, após vinte horas de viagem, e recebi uma chamada das minhas irmãs, com a triste noticia de que o meu pai estava em coma no hospital após um aneurisma cerebral.
Foi um choque enorme!
Foi uma confusão de sentimentos e pensamentos.
Não sabia o que fazer.
Tentar nesse instante encontrar um bilhete de avião para regressar a Portugal, ou esperar pelo desenvolvimento dos acontecimentos. Tudo me rodopiava na cabeça. Mas os acontecimentos foram-se sucedendo muito rapidamente, sem me dar muito tempo para pensar nas coisas. Sem pensar no que haveria de fazer. Apenas duas horas após a primeira noticia, chegou a temida noticia do falecimento do meu pai...
Custou-me muito...
Nunca pensei ou supûs sequer que me iria custar tanto...
Foi uma mistura de sentimentos de culpa e de muita dor.
Ao fim de muito custo e muita procura consegui arranjar bilhete de avião, para no próprio dia regressar. Aterrei em Lisboa perto da meia-noite. Cheguei junto das minhas irmãs e do meu pai já perto das duas da manhã. Foi um dos dias mais tristes da minha vida... vê-lo ali. Ver as minhas irmãs ali, a sofrer. Chorámos muito, sofremos muito. Mas fizemos questão de o fazer em união. Esta dor conseguiu unir-nos ainda mais, do que eu alguma vez pudesse imaginar que fosse possível.
A segunda-feira, com o funeral foi o pico de todo o sofrimento.
E foi um contínuo de problemas e complicações durante toda a semana.
Mas como se costuma dizer a união faz a força!
E nós todas juntas conseguimos superar problemas, ou pelo menos a maior parte deles, que nunca pensámos ter de enfrentar.

Esta semana pela primeira vez tive de deixar os meus pimpolhos para trás... não os pude abraçar, não pude dar o beijo de boa noite...
Hoje foi novamente um misto de emoções, ao vê-los pela net... não sei bem explicar se era maior a alegria de os poder ver ou a tristeza de não lhes poder tocar, resta a esperança de que domingo chegue rápido. Acho que nunca tive tanta vontade de chegar à Alemanha.

Deixo um agradecimento a todos aqueles que apesar do desconhecimento de tudo isto pelo que passei, tiveram saudades de me encontrar por aqui. A todos aqueles que sabendo, me deram o maior apoio. Às minhas manas e aos meus cunhados que foram todo o meu apoio nestes dias tão dificeis. À minha mãe que aceitou ir ao funeral do ex-marido apenas por respeito e por forma de apoio ás filhas.Aos meus cunhados P. e S., que na Alemanha conseguiram que os meus pimpolhos se sentissem o melhor possível. Um beijo enorme ao meu maridito, pelo esforço que fez em me deixar vir sozinha e ficar com os nossos filhotes, para que estes não tivessem a sensação de ficarem completamente sozinhos.

Votos de eterno descanso para o homem que durante a minha infância eu idolatrava.
A vida apagou muita coisa, mas pai é pai.

Adeus Pai.

Até à próxima...

P.S.- Não tenho forças para reler o que escrevi... as lágrimas teimam em escorrer-me pelas faces... não consigo corrigir potenciais erros... mas sou assim quando escrevo com o coração...