Faz hoje 3 meses que ele se foi
Passaram três meses, desde que ele partiu para sempre... desde que me deixou sem esperanças de um possível retorno.
Três meses se passaram desde a morte do meu pai.
Foram três meses de muito sofrimento, de recriminações, de sensações de perda, de revolta, de tristeza.
Mas estes três meses foi o culminar de muitos anos anteriores, em que já me sentia órfã de pai... parecem cruéis tais palavras... mas eu sinto que perdi o meu pai há muitos anos atrás... não agora.
Comecei a perder o meu pai, devia eu ter doze ou treze anos, quando o fosso se começou a abrir entre nós... O contacto passou a ser mínimo... E a vinda para a Alemanha e o posterior divórcio dos meus pais, foram escavando e aprofundando esse fosso...
O facto de o nosso contacto ter-se indo restringido a poucas horas por ano, em que eu tentava saber, como ele estava, com telefonemas ou pequenas visitas, foi o culminar de todo o distanciamento.
Muito se passou.
Muita mágoa senti.
Mas por vezes, sinto a culpa, a culpa de talvez não ter sido a filha que ele imaginava... que ele esperava, que eu fosse...
Hoje reli pela primeira vez, o meu post de 15/11.
Relembrei todos aqueles dias, todas aquelas horas, todos aqueles sentimentos...
Sei que não tenho culpa de tudo o que aconteceu...
Mas tenho certamente parte.
Sei que não podia ter mudado as coisas e os acontecimentos, mas podia ter alterado alguns...
E sei que vai ficar para sempre aquela imagem do último dia que o vi com vida, aquele sábado, dia 9 de Setembro...O dia em que pela primeira vez o vi... e não lhe falei...
E esta culpa ninguém me a vai conseguir tirar nunca...
Vai viver comigo...
Vai ficar comigo!
Tenho de alguma forma sabido viver com ela, tento desculpar-me com o facto, de ter sido ele a não querer falar comigo, e de ele já no passado, me ter virado as costas várias vezes.
Despedi-me dele, na carta que lhe escrevi, e que ele levou consigo.
Perdoei-lhe tudo o que ele me fez em vida, e todos os problemas que ele nos deixou...
Espero que onde estiveres, Pai, também um dia me consigas perdoar.
Adeus Pai!
Até à próxima.
6 comentários:
Também nunca pensei que a dor fosse tão grande como está a ser, a saudade tão profunda, a sensação de que poderia ter feito muito mais pela nossa relação. Também desejo que onde quer que ele esteja veja como as filhas o amavam e sentem a falta dele ...
uma beijoca laroca com amizade e um sorriso :-)
Todos os pais perdoam os seus filhos. O teu de certeza que já te perdoou, se é que tinha mesmo que te perdoar...
Bjs e as melhoras do Henrique.
Entre quem se ama, não há nada para perdoar. Um xi-coração :)
Tu és mais. Sabes melhor que ninguém o que os pais sentem. Acho que o teu pai se iria sentir nas couves se soubesse que estavas com essa cena da culpa. Até porque não resolve nada a ninguém. Os pais desculpam sempre tudo e tu sabes isso. Mas, claro, para isso tinhas que ter feito asneira, o que não aconteceu. Não há nada a perdoar.
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