Ideia do Dia

domingo, dezembro 10, 2006

Faz hoje 3 meses que ele se foi

Passaram três meses, desde que ele partiu para sempre... desde que me deixou sem esperanças de um possível retorno.
Três meses se passaram desde a morte do meu pai.
Foram três meses de muito sofrimento, de recriminações, de sensações de perda, de revolta, de tristeza.
Mas estes três meses foi o culminar de muitos anos anteriores, em que já me sentia órfã de pai... parecem cruéis tais palavras... mas eu sinto que perdi o meu pai há muitos anos atrás... não agora.
Comecei a perder o meu pai, devia eu ter doze ou treze anos, quando o fosso se começou a abrir entre nós... O contacto passou a ser mínimo... E a vinda para a Alemanha e o posterior divórcio dos meus pais, foram escavando e aprofundando esse fosso...

O facto de o nosso contacto ter-se indo restringido a poucas horas por ano, em que eu tentava saber, como ele estava, com telefonemas ou pequenas visitas, foi o culminar de todo o distanciamento.

Muito se passou.
Muita mágoa senti.

Mas por vezes, sinto a culpa, a culpa de talvez não ter sido a filha que ele imaginava... que ele esperava, que eu fosse...

Hoje reli pela primeira vez, o meu post de 15/11.
Relembrei todos aqueles dias, todas aquelas horas, todos aqueles sentimentos...

Sei que não tenho culpa de tudo o que aconteceu...
Mas tenho certamente parte.

Sei que não podia ter mudado as coisas e os acontecimentos, mas podia ter alterado alguns...

E sei que vai ficar para sempre aquela imagem do último dia que o vi com vida, aquele sábado, dia 9 de Setembro...O dia em que pela primeira vez o vi... e não lhe falei...
E esta culpa ninguém me a vai conseguir tirar nunca...
Vai viver comigo...
Vai ficar comigo!
Tenho de alguma forma sabido viver com ela, tento desculpar-me com o facto, de ter sido ele a não querer falar comigo, e de ele já no passado, me ter virado as costas várias vezes.

Despedi-me dele, na carta que lhe escrevi, e que ele levou consigo.

Perdoei-lhe tudo o que ele me fez em vida, e todos os problemas que ele nos deixou...

Espero que onde estiveres, Pai, também um dia me consigas perdoar.
Adeus Pai!


Até à próxima.

6 comentários:

Anónimo disse...

Também nunca pensei que a dor fosse tão grande como está a ser, a saudade tão profunda, a sensação de que poderia ter feito muito mais pela nossa relação. Também desejo que onde quer que ele esteja veja como as filhas o amavam e sentem a falta dele ...

BlueAngel aka LN disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
BlueAngel aka LN disse...

uma beijoca laroca com amizade e um sorriso :-)

Vida a 4 disse...

Todos os pais perdoam os seus filhos. O teu de certeza que já te perdoou, se é que tinha mesmo que te perdoar...
Bjs e as melhoras do Henrique.

Rosa disse...

Entre quem se ama, não há nada para perdoar. Um xi-coração :)

Elora disse...

Tu és mais. Sabes melhor que ninguém o que os pais sentem. Acho que o teu pai se iria sentir nas couves se soubesse que estavas com essa cena da culpa. Até porque não resolve nada a ninguém. Os pais desculpam sempre tudo e tu sabes isso. Mas, claro, para isso tinhas que ter feito asneira, o que não aconteceu. Não há nada a perdoar.