A Morte
Não me dou bem com ela... E numa semana em que muito rodou á sua volta, estive triste e em baixo. Tudo começou na segunda-feira à tardinha quando recebi um telefonema de uma vizinha a contar que o meu patrão B.H. tinha falecido. Foi um choque tremendo para mim. Um homem de apenas 59 anos, professor de desporto, director de escola, comentador desportivo da rádio cá do sitio. Enfim um homem muito simpático e muito prestável. Sempre pronto a perguntar por mim e pelos meus, se estava tudo bem connosco, pois ele parecia estar sempre de óptima saúde, apesar da vida amarga que já tinha passado e que não demonstrava a ninguém. Mas finalmente parecia que tinha encontrado a sua felicidade a nível particular, e assim no sábado de manha a tomar o pequeno almoço, tudo acabou, tão rápido como o simples dizer: Não me sinto bem! E caiu para o chão... E faleceu no preciso momento... Foi um ataque ao coração, disseram apenas os médicos, quando apenas uns escassos minutos mais tarde chegaram ao local... Os meus pensamentos vão para a filha de 20 anos e o filho de 23, ambos que perderam o melhor que alguma vez tiveram na vida, pois a mãe abandonara-os ainda crianças pelo álcool... Para aumentar o meu sofrimento ao ver-me confrontada com a Morte, na terça-feira pela manha, mal saio de casa recebo a noticia que a mãe de uma amiga minha também tinha falecido no sábado. Eu não conhecia a senhora, mas o facto de pensar que uma amiga minha estava a sofrer a falta da mãe, fez-me novamente ficar em estado de choque. Eu sou assim, qualquer noticia de perda me faz ficar assim, sem reacção, ou simplesmente deprimida, não sei lidar com isto, é tudo muito difícil para mim... Mas as desgraças não ficaram por aqui, pois ainda na terça de manha e passados apenas 10 minutos, mais uma noticia. Quando cheguei ao infantário do H. disseram-me que um grande amigo da S., uma das educadoras dele tinha sofrido um grande acidente na segunda-feira de madrugada. A S. estava de rastos e tinha sido novamente enviada para casa. A simples preguiça de um rapaz de 23 anos de ir pela estrada e decidir simplesmente atravessar a linha do comboio, custou-lhe a vida. Deixando a família, os amigos e toda a população em estado de choque. A todos estas noticias já se tinha antecipado algumas outras só este ano. Desde alguns parentes de amigos, assim como o suicídio do tio do P. em Marco. Tudo me tem deixado de rastos... Tudo me tem feito pensar em como a vida é apenas um instante que pode mudar de um momento para o outro... Estou decidida ao máximo a ultrapassar isto, e viver cada dia em grande e em paz. Em Paz, por que a vida é demasiado curta para vivermos com ressentimentos e brigas. Tenho de dar um passo em frente e tentar fazer de mim uma pessoa melhor e digna de merecer aqueles que me rodeiam e me amam... Só tenho pena de não poder "salvar" a relação que tenho com o meu pai, relação esta que se deteriorou de tal maneira desde o divórcio dos meus pais à sete anos depois de quase 32 anos de casamento. Pois o meu pai também decidiu ter um "divórcio" com as três filhas, e comigo de forma mais acentuada desde que abri as portas da minha casa para a minha mãe morar, actualmente com o seu novo companheiro, pois finalmente encontrou alguém que de momento a faz muito feliz, e o futuro só Deus sabe... Tenho medo que me aconteça alguma coisa a mim ou a ele (meu pai) e não tenhamos conseguido resolver isto. Eu gostava tanto de ter um pai ao meu lado. Mas não sei o que isso é... Mas sempre tive uma Mãe que valeu pelos dois. Amo-te Mãe e espero nunca perder-te. Desculpem o desabafo de uma alma em luto e até à próxima... |
4 comentários:
Sou como tu, também não sei gerir a morte, portanto nada de conselhos quanto a isso.
Relativamente ao teu pai posso dar-te uma ideia original, de uma amiga minha que também tinha um pai "diferente": ignora-o. Ela e o irmão eram peritos nisso, ele podia fazer as maiores birras, não lhes telefonar, insultá-los que eles continuavam a tratá-lo da mesma maneira. Telefonavam-lhe e, enquanto ele gritava iam dizendo: os teus netos estão bons, nós também, gostamos muito de ti, até logo. Quando ele morreu sabiam que estava tudo bem, apesar dele ter feito tudo mal. Beijinhos.
Obrigado Elora pelo teu apoio. É muito importante para mim saber que há pessoas que me entendem e me apoiam.
Pois Titia aproveita e desabafa tu também. Nao guardes as máguas para dentro pois elas consomem-nos, e quando damos por elas, já se apoderaram de nós e nos comandam e nao conseguimos voltar atrás.
Por isso nao lhes dês hipóteses e procura o lado bom da vida e segue em frente, apoiando-te naqueles que te amam muito e nao te esquecem apesar de estarem a muitos quilómetros de distância.
Nao te esquecas que eu te amo muito, minha irma...
Ao lêr o teu post, as lágrimas cairam por a cara. Adorei as palavras que dedicaste á tua mãe. Quanto ao teu pai, faz-lhe ver que tu e as tuas irmãs existem. Nunca deixes de dizeres o que sentes. Eu tb não sei lidar com a morte, o meu pai já faleceu, fez em março um ano e eu é raro o dia que não choro.....
Kiss
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